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Mostrando postagens de 2019

Reencarnação fecha ciclo triádico de Ana Tinoco e Francisco Weyl

RE - em - carne - À - (n)AÇÃO  (Dedicado à Casa de Mina Vodun Rainha Babasueira de Cabocla Herondina e Rosinha Malandra) REENCARNAÇÃO é a terceira parte da Trilogia EXERCITO.Ogum, que homenageia ao Orixá OGUM, com o referencial das artes populares e de Terreiros, via obras de arte, objetos, instalação, performance, vídeo, e interferências poesóficas. A Trilogia é composta dos seguintes momentos:  CONTEMPLAÇÃO / INCORPORAÇÃO / REENCARNAÇÃO  Com -TEMP (l) O/Ação - Contemplar o Templo da Arte no Tempo da Ação; e:  INCORPORAÇÃO: Em-CORPO (cor/por/compor) / Ação: Des-compor a cor da arte no corpo da Ação Diferentemente das duas partes anteriores, esta última mantém o conceito da palavra original:  RE - em - carne - À - (n)AÇÃO Mais que palavra, o sufixo AÇÃO alinha o ciclo triádico que ora se encerra, e o faz renascer, das cinzas, sintetizadas nas imagens-registro do objeto-vídeo, revestido de um sentido que não tem, razão pela qual esta Trilogia (re)apresenta como “resul

Mar me quer bem-me-quer

Do Mar o som Do vento o sopro Da areia grão Do sol O sol Só Assim tão passarinho Perdido do ninho No caminho Zitinho E tinhoso como cão raivoso A roer seu último osso Insosso e desgostoso Do fundo do fosso Fétido como um poeta Que ninguém leu Mas bebeu Do Mar o peixe fora d’água Do Mar o sal Indomável Cavalo marinho Marinheiro Do Mar o milagre Dos peixes Marinheiro Conheço os infinitos Do profundo oito E a espiral que se desenha Do Mar Do Mar de Ogum 7 Ondas Do Mar de Ogum Beira-Mar Do Mar de Yemanjá Do Mar o rito O canto do rio A fonte A fé Do Mar maré Em que banho Corpo-santo Do Mar canto Quando me abandono Ao porto Morto Do Mar travessia Do Mar margem Do Mar Do Mar tempestade Do Mar naufrágio Do Mar Do Mar estrela Estrela do Mar © Carpinteiro Porto, 24/10/2019

Os anjos do Círio de Belém do Pará

Não sou cristão embora a minha formação seja cristã. Como bom brasileiro, sincrético, tenho num pé na igreja e outro no terreiro. Tanto vou a um quanto ao outro. E neles medito. Mas também medito fora deles. Nestes momentos de (auto)reflexão, ali, na solidão de minha inquietude, refaço-me. E agradeço ao conhecimento que me tem sido revelado e mais a este que eu tenho conquistado depois de tê-lo buscá-lo. Agradeço às luzes e às trevas. Porque a sabedoria é como Deus, está em todos os lugares, em todas as coisas e pessoas, pelo que não nos cabe recusar as coisas que são, mas questioná-las, e refletir sobre estas, se possível, muda-las, depois que reconhecermos em nós transformação que se tornou necessária para lutarmos pela mudança das coisas. Do outro lado do oceano - há milhas dos tradicionais pratos paraenses, aos quais não como por não comer carne -, escrevo este texto a título de apresentação de um pequeno registro videográfico. Até porque filmar faz parte de minha cultura,

De volta à “Quinta do Sol”

Foi numa estrada entre Gralheira e Soutelo que conheci Adília, ela acabara de colher cogumelos, ofereceu-me, aceitei, seguindo-se à tarde, ensolarada, com uma caminhada dialógica até a sua casa, onde nasceram seus doze irmãos, que já lá não mais estão, então, ela vai adotar um pequeno cão, para lhe fazer companhia. Oxalá, o animal lhe dê Amor, o amor que Adília exala de seus olhos, cujo brilho nos atravessa, e desafia a alma, a sentir, afinal de contas, que o Tempo sabe à cogumelos que se colhem nos campos, por onde lançamos nossos olhos, enquanto nossa mente, evapora, num sonho que contorna o Marão, e margeia ao Tâmega. Em tempos de cabras a saltar sobre telhados, este outonal cheiro de cães, as paisagens de carvalhos e rios, vilarejos que serpenteiam esperanças, e guardam segredos, num profundo silêncio, a gritar   sentimentos nesta quase-crônica sobre o Tempo que ainda é. Tempo de poesia, e de amizade, e de paixões, pela vida que se escapa às queimadas, e renasce das cinzas,

Pequenas coisas (Carpinteiro de Poesia)

Há (pequenas) coisas que eu realizo e outras que eu desejo realizar. Essas coisas, juntas, são (pequenas) coisas. São (pequenas) coisas que eu escolho, (pequenas) coisas pelas quais eu sou o escolhido. Eu e essas (pequenas) coisas, realizado(a)s e desejado(a)s, somamo-nos à complexidade de outras (pequenas) coisas, à nossa revelia. Estas (pequenas) coisas, realizadas e desejadas, pertencem-me, pertencendo também ao universo. São (pequenas) coisas de infinita grandeza, universais, em convulsões nas (pequenas) coisas que eu realizo e desejo. Essas (pequenas) coisas, somadas ao meu desconhecimento e à minha ignorância, gritam, grunhem, falam, e, finalmente, calam. No silêncio, na paz das (pequenas) coisas, silenciosas, no mistério das (pequenas) coisas, interiores, na sacralidade da natureza, oculta-se o ser que eu sou. Este ser, estando oculto, não se consegue esconder. Desvelo-se-me, no que eu sou, em

Estéticas de Guerrilha na Amazônia

Os fenômenos culturais não sucedem por decreto ou por vontade de indivíduos.   Eles resultam de lutas históricas e se processam de forma dialética, dinâmica, no interior das sociedades, no imaginário, nas práxis e nas relações entre nações, grupos e indivíduos. E a História, portanto, não se constrói com narrativas, mas com interpretações, a partir de vivências, ações concretas, reais, também subjetivas, e até mesmo aleatórias, enquanto que o ato de falar em si, ele se faz a partir da experiência, e não pode resultar em conclusão, mas em processos, que disparam, interferem, e referenciam desejos e potências de novas histórias, memórias, tradições. Os amazônidas, sabemos muito bem o quanto é sacrificante afirmar e preservar as nossas tradições, contra discursos e práticas pressupostamente híbridos, mas que, por trás das máscaras desta contemporaneidade, utilizam-se das publicidades e dos apoios empresariais e governamentais para piratear e institucionalizar – silenciar – as produçõe

A poesia do Sarau da Lua Minguante está de volta

O novo formato do Sarau da Lua Minguante, é virtual, através de leituras poéticas pela página do SARAU no Facebook, todos os meses, em noites de LUA MINGUANTE. Além disso, o SARAU tem espaço mensal na Rádio WEB Idade Mídia, que replica, no mês seguinte, o SARAU do mês anterior, O projeto reuniu dezenas de poetas em Bragança do Pará, entre 2015 e 2017, tendo realizado cortejos poéticos pelas ruas do Município, que fica no Nordeste do Estado, há cerca de 2h30 da capital Belém. Um destes cortejos, inclusive, foi transformado em documentário, que pode ser visualizado neste canal, no Youtube. Sem dúvida, estes noos formatos são uma forma de recordar as nossas sessões presenciais, de Bragança do Pará, onde os poetas se reuiam para ler e ouvir poemas e comungar da poesia que habita os corações humanos. Interessados em participar, podem enviar poemas para carpinteirodepoesia@gmail.com. Além de declamados online, os textos também são publicados na página do Sarau da Lua Minguante. Neste p

Depois do Sol

Em 2012, quando tinha cinco anos, Rudá me acordou, bem cedo e disse: Vamos ver o depois do sol, Chico (jamais me chamou de pai), então, peguei-o no colo, e o coloquei por sobre a janela, a ver aquela luz doirada da manhã beijar os prédios, luminosos, mas, fiquei o dia inteiro a pensar na frase-manifesto de seu desejo, ecm como, nestas sensações, o Rudá se relaciona com a sua memória cosmológica, porque, embora ele saiba que o por do sol faz-se à tardinha, logo cedinho ele o sente - e eu também senti com ele este conhecimento sensível - na pele, a temperatura da cor, e, mais que isto, todos estes momentos em que o universo - e só ele - nos permite viver a relação entre pai e filho, que nem sempre foi coisa que eu consegui experienciar em minha vida, com meus rebentos. E que a luz do sol nos abençoe, filhos! Fui buscá-lo à escola, mais cedo que de costume, apanhei-o antes das seis horas da tarde, tão logo me viu, ainda a descer as escadas, olhou-me nos olhos, e disparou: ainda dá tempo d

Sarau da Lua Minguante leva poesia para a Idade Mídia

O Sarau da Lua Minguante estreia na Idade Mídia WEB, a partir deste mês de Maio. Com um modo diferente de pensar e fazer rádio na Amazônia, a Idade Mídia vai transmitir o programa uma vez por mês, sempre nas luas minguantes. A estreia acontecerá no dia 26 de Maio, o programa dura uma hora. Produzido e apresentado pelo autodenominado Carpinteiro de Poesia Francisco Weyl, o Sarau é produzido na cidade do Porto, em Portugal. O projeto tem quatro anos, começou em 2015, em Bragança do Pará, onde reunia poetas do Município, entre estes, Diego Wayne, Girotto Brito, Edson Coelho. Chegou a realizar cortejos-itinerantes e a fez sessões no Sítio Nígria, de propriedade de Marivana Silva, e Walcyr Kauê, na Vila Sinhá, em Bragança do Pará. Uma destas sessões-cortejos se tornou documentário que pode ser assistido no Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=qfsOIHf9XLI). O Sarau, entretanto, deixou de ocorrer , presencialmente, em 2017, mas assumiu um novo formato, virtual, em abril de 2019. F

Documentário sobre a presença de África em Portugal estreia em Mirandela

Quando se fala de África, logo se pensa em tragédias, guerras, ou em estereótipos étnicos e culturais. Isso porque o mundo branco jamais superou a barreira do preconceito, seja Institucional ou social. O mundo branco mantém-se na mesma fronteira da dominação, da exploração, e muito eventualmente constitui relações de trocas desinteressadas com as nações africanas. Toda vez que eu penso em África, eu repenso a minha própria ancestralidade. Amazônida, sou filho de índios e de negros, misturado com branco. E todas estas culturas se compõem no Ser que eu sou, que não nega as suas raízes. A África é Diáspora. Uma Diáspora em si própria. E para além de suas fronteiras. Com seus filhos deserdados. E desterrados. Em busca de sonhos que os querem realizados na sagrada Terra de onde partiram e na qual nasceram. E para onde sonham retornar. A África é a ancestralidade do mundo, entretanto seus conhecimentos, usurpados, lhes são negados. E uma névoa se sobrepõe à realidade, até que o