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Mostrando postagens de janeiro, 2019

Nos anos de 1970, ele morava na Avenida Dalva, e todo dia ele ia a feira da Marambaia

Olhando assim não dá nem pra imaginar, mas o zelador da União do Vegetal lá da praia de Salinas já foi um dos roqueiros mais doidos de Belém do Pará. Relembro de nós dois na Praça da República, foi pé do Teatro que ele urinou. Naqueles anos oitenta, noventa, quando éramos todos camaradas, e comprávamos cachaça, depois de uma coleta, entre os grupos de pobres, meio punks, meios junkers. A gente andava até as barcas atracadas no cais do Ver-o-Peso pra comprar a azulzinha que vinha lá das ilhas de Abaeté, cuja a cultura do Engenho por qualquer motivo definhou. Buscapé vem lá da Marambaia, terra sagrada, bairro que é em si a própria resistência política e cultural dos movimentos sociais comunitários que mantém acesa a chama do Boi, do batuque, da capoeira, e da poesia. Esse mulequinho, maluquinho cheirosinho, de escopeta na mão, não faz mal nem a um inseto, ao contrário, é um doce contador de causos que ele inventa e reinventa com um sabor de quem sabe que a vida é para se divertir. J

Eu (me) sinto muito #GLAUBER

Tenho lido muito os textos de Glauber Rocha, não me canso de o ler, Glauber é para mim um deus, um deus do Brasil, que amaldiçoa o Brasil por ter o Brasil lhe recusado as bênçãos, e nós, brasileiros, somos filhos de uma terra abandonada pelo seu deus........................   Glauber com a sua fúria destruiu em nós as nossas possibilidades de olharmos para trás e enxergarmos apenas as nossas qualidades, pois somos feitos de coisas outras, pedaços desprezíveis aos quais devemos vê-los, compreendê-los, antes de abandoná-los.........…..... Somos miseráveis, filhos desta terra ardente, desta terra quente….... Eu amo o Brasil como amo nele a materialidade de Glauber Rocha, este filho-pródigo exilado pela sua Mãe-Geia….............…………... Este Glauber é o que meu mestre Sério Fernandes declarou: a síntese do Brasil…………………………..........................................   © Carpinteiro de Poesia

Reflexões sobre (olhar) o lugar - Carpinteiro de Poesia

Quando nós somos estrangeiros, passageiros, e atravessamos estes cenários, que nós nunca vemos, ou ainda que por quaisquer motivos já por ele tivéssemos passado, e o tivéssemos visto, mas não sentido da maneira que (agora) me coloco para vê-lo. Quando nós não somos do lugar, nós tendemos a gostar mais do lugar, exatamente porque o nosso estrangeirismo faz com que a gente veja as coisas do lugar, de outra maneira, ainda que este lugar nos cause alguma repulsa, por quaisquer motivos, nós conseguimos ver muito mais o lugar do que aquelas pessoas que já estão entranhadas neste lugar, e que por quaisquer motivos também possam ter quaisquer repulsas com este mesmo lugar, ou até mesmo com elas próprias, nas condições em que elas estão nestes lugares. Porque é preciso também estar aberto para ver. Não basta que os nossos olhos, as nossas pálpebras, as nossas íris, e todo o fenômeno que envolve a percepção da nossa visão, os impulsos cerebrais, externos e internos, e que movimentam o no

Crítica de Bernardo Pinto de Almeida às Autoindagações (imagéticas) de natureza lógico-metafísicas de um artista-criador em devir artista-pesquisador

Francisco Weyl escreveu um texto que tem uma dimensão poética acentuada, uma escrita de forma autónoma, com uma forma de construção e de comunicação situada entre a linhagem poética e a linhagem teórica, evidenciando que estas  são da mesma fonte. Ainda que talvez uma nasça mais no inverno, e a outra no verão, mas que jorram da mesma fonte. O que não quer dizer que a historia e a ciência não possam beber dessa mesma fonte. A poesia e a teoria são formas contiguas desde o princípio, desde os pré-socráticos, quando percebemos imediatamente nos respectivos fragmentos que a forma deles é poética, e que mesmo que seja pré-filosófica, é teórica. Ou seja, que já procura ascender ao plano da reflexão, em caráter universal, como desejo de estabelecer uma comunicação muito fina com o leitor. E no, entanto, não tem ainda aquela forma filosófica que terá mais tarde, com Platão, e Aristóteles. E isso não quer dizer que o texto do Francisco Weyl não seja filosófico. Quer dizer é que é f

O primeiro banho místico de 2019

Com a lua a crescer, em Câncer, com cerca 95.62% visível, resolvi, fazer meu primeiro banho enérgico de 2019. E tenho me preparado para isso desde a semana passada, quando comprei ervas, aroeira, flor de laranjeira, arruda, cipó caboclo, e alecrim. Elas me curam de todos os meus males, e me relaxam. Seus aromas me provocam uma sensação de paz, absoluta, e suas propriedades terapêuticas ativam o bem nos meus corpos astrais, espirituais, mentais, psicológicos,  físicos, e materiais. Foi por isso que, ainda ontem à noite deixei serenar meus cristais, búzios, e pedras que mantenho em meu Altar, para que fossem energizados pelas forças universais. Ao acordar esta manhã, deixei-me estar mais tempo próximo ao meu Altar, pelo qual eu me apaixono a cada vez mais, e que cresce a cada dia. Em Portugal, já adquiri as imagens de São Jorge, São José, N. Sra. do Perpétuo Socorro, Arcanjo Miguel, Anjo Gabriel, e São Sebastião, além de dezenas de búzios não originais (mas de astrais),

Poeta rainbow lança livro que defende amor homoafetivo

Lembro exatamente o dia em que conheci o poeta Diego Wayne. Foi num Sarau poético, em Bragança do Pará, há cinco anos. Sentei ao seu lado, fiz uma fotografia, juntos, para recordação. Olhar esta imagem, agora, é pensar no seu universo histórico. Ela evoca um significado para a nossa alma de artista. Ao conhecer este jovem, tomei contacto com a sua poesia. E ao ouvi-lo recitar poemas autorais, imaginei-lhe diversas estradas. Seu olhar, sua pele, sua lucidez, seus sonhos, tudo se atravessava em seus versos. Cada linha, lida, com a dimensão de muitas vidas, sentidas. Nas entrelinhas, o seu silêncio, e a sua timidez de ser que sabe ouvir, mais do que falar. Não dissemos muita coisa naquela ocasião. Mas a poesia nos uniu, aos nossos corpos e nossos espíritos. Foi amor platônico, à primeira vista. E uma poética paixão visceral. Falávamos de coisas banais e filosofávamos quando nos encontrávamos. Entre um e outro café, ou abraço, a ideia de publicar um livro brot

Há mais medo da arte do que da morte

Um espectro ronda o planeta - o espectro da Arte Contemporânea. Todas as potências unem-se numa Santa Aliança para conjurá-la. Cristão e fascistas, radicais evangélicos e mercenários, políticos e militares, de Israel, do Brasil e de Cabo Verde. O texto acima é plágio descarado do Manifesto Comunista, mas serve de “blague” para introduzir o tema deste artigo, que é o pânico que invade o mundo diante de obras de arte que colocam a sociedade a pensar sobre seus dogmas e suas regras. Somente esta semana, tivemos conhecimento de três ações de censuras contra obras de arte, que estavam expostas e foram removidas, roubadas, ou vetadas de serem expostas. Fanáticos da comunidade católica israelita, que roubaram a obra “McJesus”, do artista finlandês Jani Leinonen, de dentro do Museu de Haifa, onde acontecia uma exposição contemporânea sobre religião e fé cristã. O Museu diz que as obras da exposição são as respostas dos artistas contemporâneos a assuntos de religião e fé na atual realidade glob

Frente Antifascista promoveu sessão do filme O PROCESSO

Estivemos na sessão do filme O PROCESSO esta tarde no espaço Compasso muito mais para ampliar nossa relação com os militantes da Frente de Imigrantes Brasileiros Antifascistas do que pela própria sessão, em si mesma, ou seja, mais pelo que a projeção possibilitou, que é a agregação de uma comunidade do que pelos “processos” estéticos que “O Processo” possam provocar, entretanto, foi um momento que considero importante e produtivo e pela via do qual podem nascer parcerias que fortaleçam a luta contra o fascismo no mundo e ampliar a  solidariedade aos brasileiros, onde quer que eles estejam.   O FILME Aplaudido sob gritos de "Bravo!" e "Fora Temer", durante sua estreia no Festival de Berlim (21/2/2018), o filme “O Processo” (Maria Augusta Ramos ) é uma peça do grande jogo de cartas marcadas do Poder. A realizadora faz uma narrativa interior dos momentos que confirmaram o grande golpe mediático e político instalado no Brasil, com apoio do Supremo, mas que começou com