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Mostrando postagens de setembro, 2018

Rés da Rua

Não é fácil falar do Rés da Rua porque eu quero lá morar, mas também não é difícil, embora me pareça impossível que eles me aceitem para ficar, e ainda que eu seja uma pessoa coletiva pela própria natureza e que sabe viver em comunidade, respeita suas regras e exerce suas atividades mediante deliberações de tarefas comuns e responsabilidades à todos. Em linhas gerais é assim que eu percebo o Rés da Rua, uma espaço alternativo no cento do porto, próximo a Praça da República, e habitado por cerca de dez pessoas, o núcleo duro, podendo chegar até vinte pessoas, a depender dos dias e das circunstâncias de transitoriedade dos que circulam pela casa, ali ficando por pequena temporada. Não posso falar além das impressões de quem desfrutou de um rápido convívio com as pessoas que habitam aquela casa de três pavimentos, dezenas d e quartos, várias salas e banheiros, e um quijtal enorme, com pequenas oficinas e um mini-teatro na parte de trás. Soube que o projeto existe há cerca

O primeiro almoço

No dia em que cheguei ao Porto matei minha saudade das legítimas sardinhas portuguesas. Fomos a Matosinhos, sentamos à uma explanada, era verão. A presença de minha amiga Ana Tinoco no aeroporto foi uma demonstração de carinho e de acolhimento para alguém que ela não via há 17 anos. Apesar de não nos vermos, sempre estivemos a falar, pela internet. E à distância acompanhava o seu trabalho artístico. Eu tenho a sorte de ter amigos que se enraizaram em minha vida, como o amigo Luís Costa, que foi me buscar ao aeroporto, e em cuja a casa, eu habito, em César. Junto com sua namorada Sandra, e a Ana, eles me proporcionaram uma recepção agradável, desde o aeroporto, seguindo-se, após o almoço,   à Foz, onde encontrei também com Mariana e sua irmã, Martha. Mariana Figueroa é fotógrafa e velha amiga, da mesma Escola em que andamos, eu e Ana. Fizemos juntos algumas produções cinematográficas, como “Ana de Assis”, em São Lourenço, e “Yó”, em Aveiro. Falamos de coisas banais m

Um amigo chamado Luís Costa

Voltar a Portugal de certa forma é retornar aos amigos e aos projetos cuja experiência vivenciei. Antes de vir, comecei por demandar amigas e amigos por e-mails sobre questões relativas à vida no Porto, e todos foram unânimes em me dizer que isto aqui está mudado. De fato, está. E penso que esta mudança ocorreu desde a preparação do Porto 2001, Capital da Cultura Europeia, estendendo-se com à Copa da UEFA, anos depois. Lembro que, àquela altura, começaram uma série de movimentos para “limpar” a Ribeira dos malucos que por lá andavam, entre eles, eu próprio. A Ribeira era uma festa portuense, mas hoje seus bares e esplanadas servem mais a turistas do que às pessoas de cá. Fala-se mais inglês do que português. Mas eu tenho mais estado em César do que no Porto. Aqui é aldeia que nasceu meu amigo Luís Costa. Aqui também nasceram seus antepassados. E como todo bom português, alguns de seus antepassados também foram imigrantes, no Brasil, para onde Luís foi, de barco,

Eduarda

Eduarda Neves foi minha professora de Sociologia da Cultura quando eu estudava na Escola Superior Artística do Porto. Naquela altura, eu não era muito chegado a ela, pois que de certa forma cumpríamos o papel professora-aluno. Sempre nos respeitamos e a memória que eu trago de suas aulas são as de conteúdos complexos e densos pelos quais chegávamos à Bordieu e Nietzsche. Havia outros mestres e mestras, de cuja fecunda fonte eu bebia, e com eles embriagava meu espírito, ávido pela história, arte, estética. Mas, foi graças ao estímulo despertado nestas aulas da Eduarda que eu comecei a rabiscar as minhas incursões nos atravessamentos das obras de Nietzsche e Glauber. O trabalho final que escrevi nesta cadeira foi base de muitos outros escritos meus, do mesmo modo o foram os diálogos com Melo Ferreira, em sala, e com Sério Fernandes. A escola do Porto há de ser mais que um capítulo em minha trajetória de vida, e sempre merecerá escritos que puxem pela minha memória. Quando