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Mostrando postagens de janeiro, 2020

Salve-se quem puder a antropofagia da arte nacional brasileira

Eu defendo a arte nacional ainda que este conceito seja falso como o é o conceito de identidade nacional, e mesmo que estas ideias traduzam sentimentos de um povo preso a estes mitos. Arte nacional tem por princípio ideológico unificar uma Nação a formas pelas quais esta ideia de arte a apresenta ao mundo. Mas, esta arte pressupõe o resgate de heróis nacionais e dos mitos do passado. Ora, nossos mitos originários são de origem indígena, tendo alguns deles sobrevivido, e modificados pelas traduções que a cultura branca e cristã lhes impôs. Daí a narrativa oral ser o pilar que manteve os fundamentos de algumas culturas tradicionais, negras e indígenas. Esta arte histórica, de sabedoria indígena, e de tradição africana, míticas e reais, constitui a verdadeira arte nacional, que jamais poderia ser nacional, porque ela revela o conhecimento de povos historicamente explorados. Na Amazônia das contradições, desenvolveu-se o sacrifício, e a exploração da força de trabalho de

Elegia para Nuno Rebocho

Achei estranho quando o Nuno Rebocho apareceu à porta de uma das salas em que eu ministrava aulas na Universidade Jean Piaget, em Cabo Verde (2005). Pedi licença aos alunos do curso de Comunicação, e me dirigi aquela criatura de estatura baixa, corpo redondo, óculos rebaixado, enquanto me olhava com aqueles olhos de poeta que logo me conquistaram. Estava junto do Apolinário das Neves, e disse que desejava me fazer um convite, na altura, escrever ao jornal Liberal Online de Cabo Verde, começando-se a partir de então uma amizade sincera e profunda. Pelas mãos do Nuno Rebocho, eu fui elevado à uma condição humana que apenas os nobres a desfrutam, além das palavras. Além dos diálogos acompanhados de vinho, ele me trouxe a agradável esperança   diaspórica de um homem angustiado com o seu tempo. De alma rebelde e punhos firmes, sua poesia desnudava a condição social humano pela via de uma História real que se transfigurava em seus versos. Suas palavras eram armas e sua alma