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Mostrando postagens de outubro, 2019

Mar me quer bem-me-quer

Do Mar o som Do vento o sopro Da areia grão Do sol O sol Só Assim tão passarinho Perdido do ninho No caminho Zitinho E tinhoso como cão raivoso A roer seu último osso Insosso e desgostoso Do fundo do fosso Fétido como um poeta Que ninguém leu Mas bebeu Do Mar o peixe fora d’água Do Mar o sal Indomável Cavalo marinho Marinheiro Do Mar o milagre Dos peixes Marinheiro Conheço os infinitos Do profundo oito E a espiral que se desenha Do Mar Do Mar de Ogum 7 Ondas Do Mar de Ogum Beira-Mar Do Mar de Yemanjá Do Mar o rito O canto do rio A fonte A fé Do Mar maré Em que banho Corpo-santo Do Mar canto Quando me abandono Ao porto Morto Do Mar travessia Do Mar margem Do Mar Do Mar tempestade Do Mar naufrágio Do Mar Do Mar estrela Estrela do Mar © Carpinteiro Porto, 24/10/2019

Os anjos do Círio de Belém do Pará

Não sou cristão embora a minha formação seja cristã. Como bom brasileiro, sincrético, tenho num pé na igreja e outro no terreiro. Tanto vou a um quanto ao outro. E neles medito. Mas também medito fora deles. Nestes momentos de (auto)reflexão, ali, na solidão de minha inquietude, refaço-me. E agradeço ao conhecimento que me tem sido revelado e mais a este que eu tenho conquistado depois de tê-lo buscá-lo. Agradeço às luzes e às trevas. Porque a sabedoria é como Deus, está em todos os lugares, em todas as coisas e pessoas, pelo que não nos cabe recusar as coisas que são, mas questioná-las, e refletir sobre estas, se possível, muda-las, depois que reconhecermos em nós transformação que se tornou necessária para lutarmos pela mudança das coisas. Do outro lado do oceano - há milhas dos tradicionais pratos paraenses, aos quais não como por não comer carne -, escrevo este texto a título de apresentação de um pequeno registro videográfico. Até porque filmar faz parte de minha cultura,

De volta à “Quinta do Sol”

Foi numa estrada entre Gralheira e Soutelo que conheci Adília, ela acabara de colher cogumelos, ofereceu-me, aceitei, seguindo-se à tarde, ensolarada, com uma caminhada dialógica até a sua casa, onde nasceram seus doze irmãos, que já lá não mais estão, então, ela vai adotar um pequeno cão, para lhe fazer companhia. Oxalá, o animal lhe dê Amor, o amor que Adília exala de seus olhos, cujo brilho nos atravessa, e desafia a alma, a sentir, afinal de contas, que o Tempo sabe à cogumelos que se colhem nos campos, por onde lançamos nossos olhos, enquanto nossa mente, evapora, num sonho que contorna o Marão, e margeia ao Tâmega. Em tempos de cabras a saltar sobre telhados, este outonal cheiro de cães, as paisagens de carvalhos e rios, vilarejos que serpenteiam esperanças, e guardam segredos, num profundo silêncio, a gritar   sentimentos nesta quase-crônica sobre o Tempo que ainda é. Tempo de poesia, e de amizade, e de paixões, pela vida que se escapa às queimadas, e renasce das cinzas,