Há
(pequenas) coisas que eu realizo
e
outras que eu desejo realizar.
Essas
coisas, juntas, são (pequenas) coisas.
São
(pequenas) coisas que eu escolho,
(pequenas)
coisas pelas quais eu sou o escolhido.
Eu
e essas (pequenas) coisas,
realizado(a)s
e desejado(a)s,
somamo-nos
à
complexidade de outras (pequenas) coisas,
à
nossa revelia.
Estas
(pequenas) coisas,
realizadas
e desejadas,
pertencem-me,
pertencendo
também ao universo.
São
(pequenas) coisas de infinita grandeza,
universais,
em
convulsões nas (pequenas) coisas que eu realizo
e
desejo.
Essas
(pequenas) coisas,
somadas
ao
meu desconhecimento e à minha ignorância,
gritam,
grunhem, falam, e, finalmente, calam.
No
silêncio, na paz das (pequenas) coisas,
silenciosas,
no
mistério das (pequenas) coisas,
interiores,
na
sacralidade da natureza,
oculta-se
o
ser que eu sou.
Este
ser,
estando
oculto, não se consegue
esconder.
Desvelo-se-me,
no
que eu sou, em essência natural,
homem
com as suas (pequenas) coisas.
(Pequenas)
coisas
são coisas de um homem como eu.
(Pequenas)
coisas
que eu realizo e desejo,
desejando-as,
realizando-as,
realizando-me,
através delas.
Pulso-me
nessas (pequenas) coisas.
Pulso-me
na poesia dessas (pequenas) coisas.
Pulso-me
na poesia das (pequenas) coisas
dos
homens, homens
que
desejam e realizam (pequenas) coisas,
desejando-se
e
realizando-se a si próprios
com
as suas (pequenas) coisas.
Pulso-me
nos homens que se realizam nas (pequenas) coisas.
Pulso-me
nas (pequenas) coisas que se realizam na poesia dos homens.
Pulso-me
nestes homens porque eles são tão poucos
e
porque eles são grandes homens.
São
grandes homens
aqueles
que canalizam o espírito e o desejo dos deuses do universo.
A
natureza chama a estes grandes homens.
A
natureza chama-os,
reúne-os,
destrói-lhes
o
corpo,
liberta-lhes
o espírito.
O
homem, já o sabemos, é o câncer da terra,
tem
que ser extirpado do planeta.
O
homem destrói,
mata,
vilipendia, tem medo.
Pobre
homem,
deve
abandonar o planeta e migrar para o seu nada absoluto.
A
terra é mãe e nela não cabe um tumor maligno
como
o homem.
O
homem tem ideais humanos tão vis.
O
homem é tão vil que idealiza
a
felicidade, o amor e a caridade.
O
homem acredita que é capaz de crer e mente
a
si próprio.
O
homem acredita que crê quando não crê.
O
homem afirma o seu credo porque tem medo.
Hipócrita
por crer, hipócrita por ter fé
e
força apenas na covardia.
O
sentimentos desse homem pequeno
são
jóias
da
vaidade, são morais escarnadas.
Este
homem deve desaparecer
e
com ele os seus falsos sentimentos.
Sentimentos
irreais, idealizados e fingidos.
De
tanto pensar em tais sentimentos,
o
homem
nunca
será capaz de desejá-los ou realizá-los.
© Carpinteiro
(Belém do Pará, 2010)
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