Em 2012, quando tinha cinco anos, Rudá me acordou, bem cedo e disse: Vamos ver o depois do sol, Chico (jamais me chamou de pai), então, peguei-o no colo, e o coloquei por sobre a janela, a ver aquela luz doirada da manhã beijar os prédios, luminosos, mas, fiquei o dia inteiro a pensar na frase-manifesto de seu desejo, ecm como, nestas sensações, o Rudá se relaciona com a sua memória cosmológica, porque, embora ele saiba que o por do sol faz-se à tardinha, logo cedinho ele o sente - e eu também senti com ele este conhecimento sensível - na pele, a temperatura da cor, e, mais que isto, todos estes momentos em que o universo - e só ele - nos permite viver a relação entre pai e filho, que nem sempre foi coisa que eu consegui experienciar em minha vida, com meus rebentos. E que a luz do sol nos abençoe, filhos! Fui buscá-lo à escola, mais cedo que de costume, apanhei-o antes das seis horas da tarde, tão logo me viu, ainda a descer as escadas, olhou-me nos olhos, e disparou: ainda dá tempo de ver o por do sol, Chico. E, claro, ainda nos restava este tempo, porque o construímos juntos, porque este tempo, faz-se em nós, e eu havia ido buscá-lo mais cedo por causa disso mesmo, porque ele havia acordado a me convidar a ver o depois do sol. E, ainda que o sol de deite, e se levante, e assim, ad infinitum, aquele por do sol ao nascer do sol será sempre nosso, e vai sempre brilhar em meu espírito. Amo muito meus filhos, rezo por eles todos os dias. (Carpinteiro de Poesia)
Conheci Mojica em 2000. Na cidade do Porto, Potugal, onde ele participava do "Fantasporto". Fui ao hotel onde ele estava hospedado e nessa mesma hora ele me enregou duas latas de 16 milímteros com o seu "À meia-noite levarei sua alma", que projetamos em uma sessão lotada no Cineclube do Porto para estudantes da escola onde eu me formei em cinema. Então, convidei Mojica para fazer um filme, "A maldição de Zé do Caixão em comunhão com a Escola do Porto sob as bénçãos de São Francisco de Assis" (Super-8 milímetros), película que pode ser vista no youtube (http://www.youtube.com/watch?v=xXbkUOU8tdg). "A maldição..." foi o seu primeiro filme em Portugal, que estreamos em Belém durante o Concílio Artístico Luso-Brasileiro, que criou o Cineclube Amazonas Douro, o qual coordeno e do qual o Mojica é presidente de honra. E Mojica realizou conosco (um total de 13 pessoas – o número não foi por acaso) um outro flme, dessa vez, digital, o "Pará Zer...
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