Pular para o conteúdo principal

Com - TEMP (l) O/Ação - Contemplar o Templo da Arte no Tempo da Ação

Ana Tinoco & Francisco Weyl homenageiam OGUM, em um projeto artístico, pela via de obras de arte, videoarte, instalação, performance, e interferências poesóficas.

ENSINA-ME A ANDAR NU, POIS TENHO QUE VESTIR-ME TODOS OS DIAS, PARA SER UMA PESSOA QUE NÃO REFLECTE A MINHA VERDADEIRA NATUREZA.

Contemplação evoca passividade, deixar-se estar, a "ver", sem interceder e/ou interferir - ver com os olhos -, numa pureza que remete à serenidade, mas que é re-significada, por entre as fissuras que se abrem quando separamos/recompomos/justapomos alguns de seus caracteres, dos quais resultam quatro conceitos - em sintonia: COMUNHÃO + TEMPO + TEMPLO + AÇÃO, e que, a partir de um processo espiralar - e rizomático, retornam ao seu repouso inicial, ao ato de contemplar, em si mesmo, no interior da condição humana, e, além de sua plenitude, na circularidade de um contato com o espiritual, que consiste no ato de re-criar: Com - TEMP (l) O/Ação

Com - TEMP (l) O/Ação (do EXERCITOgum)

EXERCITOgum é uma palavra composta. Unifica o termo EXERCITO (Declina-se Exército, mas escreve-se com maiúsculas e sem acento) à palavra Ogum.
EXERCITO é um projeto com diversas experiências realizadas há cerca de dez anos pela artista Ana Tinoco.
OGUM é um dos Orixás cultuados por religiões de matrizes africanas, desenvolvidas no Brasil, entre as quais, Candomblé e Umbanda.
É um Orixá guerreiro, ferreiro, e trabalhador, que fabrica suas próprias armas e ferramentas. 

Com - TEMP (l) O/Ação (do EXERCITOgum)

Em exposição (coletiva) na galeria do Museu da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, no âmbito da disciplina “Seminário; Pensamento da Arte Actual e Questões Metodológicas”, ministrado por Fernando José Pereira (entre 8 e 15 de Março de 2019), Ana e Francisco vão instalar uma pirâmide de fios – de base circular, de aproximadamente 3,5 metros de diâmetro, circundada por velas e incensos (localizada na área centra da galeria do Museu).
Dentro da pirâmide, haverá areia e, espalhados pelo chão, os artistas vão depositar diversos objetos afroreligiosos, como um pequeno tambor africano (djambé), alguidares, flores, imagens, flores, troncos, panos coloridos, incensos, velas, e ferramentas.
Estes objetos estarão em torno de uma peça de 1,90 cm (altura) X 1,50 cm (largura), criada por Ana, e que tem dois lados, cada qual com três pinturas, denominada “O retorno de Francisco à Portugal”.
Esta peça ficará encoberta por um grande pano branco, de forma a que as pessoas não vejam o que ela contém.
Neste pano, serão projetados, de ambos os lados, um videoarte (de 7 Min.) de Francisco, com cenas da artista Ana a pintar/desenhar, encadeadas, com cenas de cultos afroreligiosos, e sonorizadas com poemas e cânticos autorais de Francisco.
Com os seus corpos, os artistas vão interagir com os seus diversos objetos, durante a performance, que consiste na troca de roupa comum por vestes de cor branca, e azul, conforme o rito do culto ao Orixá Ogum.
Apenas após a performance, haverá a projeção do vídeo, e de seguida, os artistas irão remover o pano branco de sobre a peça, para que o público possa ver as pinturas que a ela contém.

Informações técnicas:

TÍTULO: Com - TEMP (l) O/Ação
AUTORES: Ana Tinoco e Francisco Weyl

OBRAS:
1) O retorno de Francisco ao Porto (Ana Tinoco)
- peça em suporte de madeira de 1,50 cm X 1,90
2) Ogum
- peça em pano, de aproximadamente 1,5 metros X 65 cms
3) Instalação : Pirâmide de fios
- peça de aproximadamente 3,5 metros de diâmetro e 4 metros de altura, no interior da qual se encontram objetos afroreligiosos diversos, como imagens, velas, incensos, alguidares, e ferramentas
4) Perfomance
- intervenção de Ana e Francisco com duração de cerca de 10 minutos
(Atores-guerreiros de Ogum: Ana Tinoco, Francisco Weyl, Madalena Campos Pacheco, Zeza Guedes)
5) VideoArte
- a ser projetado logo após a performance, com duração de 7 minutos



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Nos anos de 1970, ele morava na Avenida Dalva, e todo dia ele ia a feira da Marambaia

Olhando assim não dá nem pra imaginar, mas o zelador da União do Vegetal lá da praia de Salinas já foi um dos roqueiros mais doidos de Belém do Pará. Relembro de nós dois na Praça da República, foi pé do Teatro que ele urinou. Naqueles anos oitenta, noventa, quando éramos todos camaradas, e comprávamos cachaça, depois de uma coleta, entre os grupos de pobres, meio punks, meios junkers. A gente andava até as barcas atracadas no cais do Ver-o-Peso pra comprar a azulzinha que vinha lá das ilhas de Abaeté, cuja a cultura do Engenho por qualquer motivo definhou. Buscapé vem lá da Marambaia, terra sagrada, bairro que é em si a própria resistência política e cultural dos movimentos sociais comunitários que mantém acesa a chama do Boi, do batuque, da capoeira, e da poesia. Esse mulequinho, maluquinho cheirosinho, de escopeta na mão, não faz mal nem a um inseto, ao contrário, é um doce contador de causos que ele inventa e reinventa com um sabor de quem sabe que a vida é para se divertir. J

As agulhas e linhas de minha Mãe e as contas de minhas guias

Toda vez que eu vou meter uma linha numa agulha eu me recordo de minha Mãe, Dona Josefa, e de quanto eu ficava feliz por ela me pedir que a ajudasse quando ia costurar à máquina, em cujo pedal eu também brincava, quando ela não estava a trabalhar.  Talvez seja por isso que tenho uma fixação pela expressão bíblica de que é mais fácil um camelo passar num buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus.  Minha sábia Mãe era uma pessoa cuja humildade era absoluta.  Era também de uma paciência magnífica. E falava baixinho, apenas o necessário. Nestes dias, a fazer minhas guias, a passar com as linhas entre as contas, minha memória vai direto para a infância, e logo sinto a presença de mamãe, enquanto, em silêncio, medito e dialogo com ela. Recordo as roupas que fazia, algumas reaproveitava, de irmãos mais velhos, ou de amigos que faziam doações. Moça prendada do interior, tinha habilidades para trabalhos manuais e não abria mão de plantar hortaliças em pequenos espaços

#FEITIÇO (in progress): fazer-pensar magia no cinêma Amazônida

                   P ensar/fazer cinema é fazer/pensar memórias /nomadismos por entre (des )lugares , territórios /fronteiras para os quais são necessárias inúmeras viagens, cujos percursos/trajetos - para além das experiências - traduzem imagens/i-marginários, que nos impregnam e em cujas brumas desaparecemos. Pensar/fazer cinema memorial na Amazônia é, portanto, fazer/pensar cinematografias invisíveis, revisitar experiências de realizadores-ativistas e coletivos audiovisuais cujas histórias/memórias são narradas por vozes que (se) desejam falar e (se) fazer ouvir. É navegar, assim, por rios nunca navegados, até ilhas quase desaparecidas, perdidas em lembranças-pulsantes, à revelia de teorias/estratégias globais que usurpam/apagam tradições, pelo que o protagonista da História se desloca para (a partir do lado de) fora, colocar-se dentro de seu próprio lado, para se fazer comunicar, sob o seu próprio paradigma e de seus companheiros de curso.               É sobre essa experiê